sexta-feira, 22 de junho de 2012

SÃO JOÃO NO BREJINHO


Sempre que se aproxima o São João relembro as festas juninas do Brejinho, fazenda de meu pai, situada entre as cidades de Cedro de São João e Malhada dos Bois, no estado de Sergipe. Lá o período junino era esperado com muita ansiedade, principalmente pela festa de São João, quando se reunia toda a família, filhos, netos, alguns parentes, trabalhadores, compadres, afilhados e amigos.
Era uma ocasião especial em que todos vestiam suas roupas novas cuidadosamente feitas com tecido estampado e bem colorido. A casa era enfeitada com palhas de coqueiro e com bandeirolas feitas por nós mesmos, usando papel de revistas, cordão e goma feita com tapioca. 
 Mamãe preparava todos os tipos de guloseimas: pamonhas, canjicas, manauês, bolos de milho, massa puba e de macaxeira, mungunzá, milho cozido, pé de moleque, bolachinha de goma, arroz doce e tantas outras delícias.
Ao anoitecer, papai preparava e trazia nos ombros uma enorme fogueira (maior do que ele), cavava um buraco no terreiro e aí fincava a gigantesca fogueira na posição vertical. Usava querosene, papel, cavacos de lenha e fósforo para acendê-la e, quando o fogo subia, ele ficava a olhar a criançada soltar fogos: chuvinhas, traques e estrelinhas.
 Mais tarde, os adultos soltavam bombas, vulcões, foguetes de vara e balões, alguns comprados prontos e outros, enormes e coloridos, por eles próprios confeccionados. Os balões eram soltos nas noites frias e chuvosas do São João e todos ficavam a olhar a subida e a acompanhar seu trajeto até desaparecerem na noite. Soltar balões na fazenda, com os campos molhados, em tempo de inverno, não se constituía em perigo algum. Era só beleza.
Papai não gostava de dançar, mas, todos os anos, chamava um sanfoneiro, geralmente seu Hercílio, do Poço dos Bois, para tocar com sua sanfona de oito baixos. Mamãe, incentivada por papai, dançava com todos nós, deslizando pela imensa sala do Brejinho com uma leveza invejável. A dança de roda era a que a criançada mais gostava.
Ainda recordo as quadrinhas  que mais se repetiam na dança de roda:
 “Rodeiro novo,
  Quero ver rodar,
  Quero ver rodar morena,
  Quero ver balancear”
 “Sete e sete são quatorze,
  Três vezes sete , vinte e um,
  Tenho sete amores no mundo,
  Só tenho paixão por um”.
Lá pela madrugada, a animação era cada vez maior, a brincadeira de roda já saía da sala e passava a ser no terreiro, em volta da fogueira, se deslocando até a frente do grande curral, onde bezerros esperavam a chegada das vacas para a ordenha e a mamada da madrugada.
Quando a fogueira começava a cair, alguns aproveitavam para assar espigas de milho nas brasas. Fogueira caída, brasas espalhadas, agora a vez do trabalhador braçal, Cícero de Marciano, fazer sua demonstração de fé: desfilava calmamente, com os pés descalços , por sobre as brasas vivas.
Acabada a festa, a meninada ia dormir para acordar cedo, procurar algum foguete, traque ou bomba, eventualmente perdido na noite, para soltar logo cedo.
A festa em homenagem a São João Batista , o precursor de Cristo, e que também O batizou , era um grande encontro familiar.
Uma festa simples mas muito alegre, assim era o nosso SÃO JOÃO NO BREJINHO!
Antonia Roza
23/06/2010

terça-feira, 24 de abril de 2012

DR.ANTONIO HERMÍNIO DE AGUIAR

Nasceu em 10 de março de 1939, na Fazenda Brejinho município de Cedro de São João, no estado de Sergipe.  Filho de Manoel Gomes de Aguiar, Maneca, agricultor e, posteriormente, agropecuarista, e de Maria Anita do Nascimento Aguiar, dona de casa, mas pessoa muito culta para o seu tempo, dedicava-se nas horas vagas à leitura e à escrita, sendo autora dos livros a "Dor da Solidão" e "Passagens da Vida", publicados postumamente e de outros ainda inéditos. Maria Anita, procurou transmitir aos filhos o amor pelos estudos e os incentivou, desde pequenos, a estudar para se formarem naquilo em que desejassem.
Antonio Hermínio, quinto filho numa família de dez, sempre foi muito estudioso e dedicado à família. Foi alfabetizado por sua própria mãe, depois estudou o curso primário na cidade de Própria/SE, no Grupo Escolar João Fernandes de Brito. 
Em 1951 passou a  estudar em Aracaju. Em 1957 concluiu ,  com brilhantismo, o  curso científico  no Colégio Atheneu.. 
Ainda criança, procurava ajudar aos pais nas atividades do dia a dia, principalmente no período das férias escolares.
Estudando em Aracaju, morou inicialmente na casa de sua tia Deusinha (Maria Alves do Nascimento) e, posteriormente com sua irmã Maria Hermínia de Aguiar Oliveira e de seu cunhado Luis Alves de Oliveira, que o tinham como um filho muito amado. Sendo um jovem muito elegante e bonito, ocupava posição de destaque nos desfiles cívicos e jogos estudantis.
Concluiu o curso científico, correspondente ao atual segundo grau, com 16 anos de idade, fazendo em seguida vestibular para Medicina da Universidade Federal da Bahia e para engenharia na Cidade de Cruz das Almas, na Bahia. Logrou aprovação nos dois vestibulares e optou pela medicina que era realmente o seu sonho.
Na Faculdade de Medicina foi sempre um estudante de destaque. Como desejava ser cirurgião, já nos primeiros anos de faculdade acompanhava os professores nas diversas atividades práticas do curso.
Durante o período em que esteve cursando a faculdade de medicina, em Salvador , dedicou-se também, nos momentos de folga, aos esportes náuticos especialmente ao remo e ao mergulho.
NO CAMPO PROFISSIONAL: Logo após a sua colação de grau, juntamente com colegas médicos, dirigiu-se ao estado Paraná com o sonho de instalar um Hospital Geral numa de suas localidades carentes de assistência médica de boa qualidade. Iniciou seus passos profissionais em Nova Olímpia-PR, sendo o primeiro médico daquela cidade.
O seu sonho, todavia, veio a se concretizar mais tarde, na cidade de Tapira-PR, onde construiu o Hospital Santo Antonio que veio a prestar relevantes serviços aos moradores daquela localidade e de regiões circunvizinhas.
"Na sua atuação profissional destacou-se pelo coração humanitário, mãos extremamente habilidosas e, sobretudo, pela mente destemida ao enfrentar os desafios da cirurgia geral numa comunidade desprovida, àquela época, do suporte técnico necessário para o enfrentamento de procedimentos cirúrgicos mais complexos.
Por estas nobres qualidades, salvou inúmeras vidas e se tornou muito querido e respeitado naquela área do Paraná, elevando o nome da categoria médica de Sergipe além fronteiras".
Lamentavelmente, quando almejava desenvolver o mesmo trabalho em sua terra natal e já estava a procurar o local para instalação de um novo hospital, veio a ser acometido, aos 36 anos de idade, de um câncer de pulmão vindo a falecer precocemente em 30/11/1975, em Aracaju/SE, deixando uma lacuna impreenchível não só no seio da sua família como também na comunidade médica em geral.
Sua exemplar atuação profissional, no entanto, serviu de estímulo e inspiração para o despertar vocacional de vários integrantes de sua família que ora prestam relevantes serviços á comunidade Sergipana. Dentre estes, dois são membros da Academia Sergipana de Medicina: os Drs. Luis Hermínio de Aguiar Oliveira e Manoel Hermínio de Aguiar Oliveira, sobrinhos do Dr. Antonio Hermínio Aguiar.
Cumpre ressaltar ainda como característica marcante do médico Antonio Hermínio a sua constante preocupação em acompanhar a evolução da medicina no Brasil e no Mundo; vivia estudando constantemente e procurando sempre se atualizar.





NO CAMPO PESSOAL 
Casou-se em 19 de novembro de 1966, na Cidade de Jussara - PR, com Maria Carraro, professora do primeiro grau, que deixou de lecionar para ajudar na administração do hospital e também para realizar ao lado do marido alguns trabalhos sociais.
Em 1970 ele fundou o Asilo São Francisco, na cidade de Tapira/PR.
Era integrante do Lions Club e engajado nos movimentos sociais de apoio aos mais necessitados.
Era fazendeiro. Comprou um lote de terras e denominou Fazenda Santo Antonio. Ali ele colocava o resultado dos seus esforços, como médico dedicado que sempre foi. A Fazenda Santo Antonio até hoje existe e se localiza em Cidade Gaúcha (18 Km de Tapira).
Segundo relata sua filha Silvana, seu hobby era a marcenaria. "Ele construiu um barracão atrás da nossa casa, que ficava ao lado do Hospital, e lá montou uma verdadeira marcenaria instalando os maquinários necessários para realizar pequenos, mas gratificantes trabalhos. Lembro-me bem de uma gaiola para passarinhos que ele fez com muito esmero. Linda mesmo.
Era também um grande enxadrista. Quando desafiado ele enfrentava sem medo.
Gostava de provar o novo, o desconhecido. Um dia ele disse que iria fazer uma calça e passou a noite toda costurando a tal calça. No dia seguinte foi trabalhar com a própria. Ninguém acreditava. Se alguém conversar com alguém que conheceu meu pai e perguntar do que se lembra dele além do seu trabalho, com certeza a resposta será da sua gargalhada. Era estrondosa e espontânea. Marcante mesmo. Inesquecível até”.

Apesar de residir no Paraná, sempre esteve ligado aos seus familiares, chegando até a vir a Sergipe prestar assistência a seu pai vitimado por um enfarte. Por outro lado, seus familiares acompanhavam, de Sergipe, o seu crescimento profissional e pessoal.
No Paraná teve sempre o carinho dos familiares de sua esposa fazendo com que se sentisse, como sempre declarou, com seus pais e irmãos. Seus pacientes foram os grandes amigos a quem sempre dedicou o melhor dos seus conhecimentos.
Faleceu em 30 de novembro de 1975 em Aracaju e está sepultado no jazigo de sua família na cidade de São Francisco no estado de Sergipe. Na cidade de Tapira foram homenageados ,postumamente, ele e sua esposa, com seus nomes em duas importantes ruas. Dr. Antonio Hermínio de Aguiar e Maria Carraro Aguiar
Antonio Hermínio de Aguiar, um ídolo na sua família, um exemplo de trabalho, honestidade, força, companheirismo e de muita fé em Deus.
_____________ Notas do autor: Sobre o campo Profissional - informações fornecidas e redigidas por seu sobrinho e também médico Dr. Luis Hermínio de Aguiar Oliveira. Sobre a vida no Paraná - informações prestadas por sua filha advogada Silvana Carraro Aguiar. Sobre infância , juventude, vida estudantil dados colhidos nos livros de sua mãe Maria Anita do Nascimento Aguiar e relatos de suas irmãs Maria José Aguiar silva e Marizete Nascimento Aguiar Dinísio. Também sobre Dr. Antonio http://medicosilustresdabahia.blogspot.com/2011/07/043-sergipe-antonio-herminio-aguiar.html?spref=bl">Médicos Ilustres da Bahia e de Sergipe: 043- SERGIPE: ANTÔNIO HERMÍNIO

sábado, 3 de março de 2012

MANOEL GOMES DE AGUIAR E O CANTOR LUIS GONZAGA

O cantor Luizs Gonzaga esteve várias vezes em Propriá e frequentava sempre a fazenda Cabo Verde de propriedade de seu amigo Pedro Chaves.
Certa feita, numa grande festa em Propriá, o Sr. Pedro Chaves apresentou a Luis Gonzaga seu amigo Manoel Gomes de Aguiar ,dono da Fazenda Brejinho  em  Malhada dos Bois.  Imediatamente, o famoso cantor compôs, de improviso, a música "MALHADA DOS BOIS".
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Musica=MU009547
(Fato narrado por Maria Helena Chaves,filha de Pedro Chaves, no programa "Descobrindo Sergipe" da TV ALESE)
(Na foto, Luis Gonzaga ao lado do Sr. Pedro Chaves numa das vezes em que esteve em Propriá)